O despertar da Bella adormecida


Depois de 5 meses de sono profundo, a Bella adormecida foi obrigada a despertar, tudo culpa da malvada bruxa! Ao rever seus familiares ficou muito feliz, mas tinha uma coisa que dava pontadas muito fortes em seu peito. Ela queria trancar-se em seu mundo, mas não podia fazê-lo pois todos a queriam de volta. O coração da Bella doía todas as vezes que lembrava do sonho que teve enquanto dormia. 
-Que situação estranha, como um simples sonho poderia mudar tanto a minha vida? Oh bruxa má, por quê você fez isso comigo? Me tirou o sonho que tanto amei.- disse a Bella. 
A bruxa contestou: pelo contrário, eu despertei em você um dos sentimentos mais lindos que o homem pode ter, o desejo de voar. Agora Bella, por mais que seu coração doa, você tem em mãos um grande poder. Eu te dei o segredo, mas tudo depende única e exclusivamente de você.
 Nesse momento, as pontadas que ela sentia se transformaram em uma luz interior. O desejo que florou em seu ser, foi a esperança. Ela saiu correndo e ao chegar do lado de fora deu de cara com o sol, percebeu que o dia estava perfeito para voar, então abriu asas e alçou.

Os primeiros dias na terrinha



Hoje faz exatamente 17 dias que voltei para o Brasil. A nostalgia a cada dia que passa, dói mais forte no peito. Tudo aqui está tão igual, que tenho a sensação de que o que vivi não passou de um sonho bom e único. Não imaginei que fosse tão difícil me readaptar a minha antiga vida, mas acredite, está sendo mais complexo do que quando saí daqui em direção ao desconhecido. Desconhecido esse, que se tornou tão meu, que martela em meu peito querendo que eu retorne ao lar que deixei 17 dias atrás; ao lar que eu marquei e que me marcou. Viver sem esse lar para mim é impossível e eu não quero ir contra esse sentimento. Já faço planos para minha volta, e que seja o mais breve possível, pois não sei quanto tempo vou aguentar. Eu choro toda vez que lembro os cinco melhores meses da minha vida, e me culpo pelas vezes em que pedi pra que ele passasse rápido. 

Viver na Espanha



Viver na Espanha é um sonho, passei ali os 5 melhores meses da minha vida até então. Fiz essa viagem cheia de caraminholas na cabeça, e acredito que são coisas que a maioria dos brasileiros inexperientes pensam do país. Então, resolvi esclarecer  ao futuros viageiros, como é a vida nesse lugar:


  1. Uma coisa que as pessoas têm na cabeça, é que os espanhóis são fechados, mal humorados e não gostam dos brasileiros. Isso é lorota! Essa característica que costumamos generalizar, muda de acordo com a região. No sul da espanha as pessoas são incríveis, super gentis e acolhedoras, e adoram os brasileiros. Já no norte as pessoas são mais fechadas, mas isso não quer dizer que não são boas, eles também gostam dos brasileiros, mas de uma forma particular;
  2. A Espanha está entre os países mais visitados do mundo, e isso não é a toa. Para todo lado que você olhar, sempre vai haver um tipo de manifestação artística, muita natureza, cor e alegria. Em Andaluzia está localizada a Espanha mais tradicional por assim dizer. Nessa região ao sul do país, encontramos o chamado "trio de ouro andaluz" (Sevilha, Córdoba e Granada), e também a primeira cidade romana da Espanha (Itálica), ai você pode aproveitar de praia e neve sem precisar ir muito longe. É comum sair de casa e dar de cara com algum estrangeiro, e graças a isso, você pode fazer amizades e ter a oportunidade de conhecer outros países futuramente;
  3. Comida: a gastronomia espanhola é riquíssima, e a famosa paella merece ser provada. Caso sinta falta do gostinho brasileiro, você pode dar uma passadinha no carrefour e matar a saudade. Outro ponto positivo é que na Espanha se come muito bem e sem gastar muito, a variação vai das pequenas tapas (você pode encontrá-las até por 1 euro, e se és do tipo que come pouco, ela é a refeição perfeita), meia refeição (em média 4 euros, e eu mesma não aguento comer nem metade do tanto que vem), e por fim a refeição;
  4. Clima: As estações do ano são bem marcadas, invernos congelantes, verões calorosos, primaveras floridas (o outono eu não cheguei a ver). Se você não é adepto ao frio, a região sul é perfeita, as temperaturas não chegam a menos que 0º e em boa parte das cidades (principalmente Sevilha) o sol sempre dá as caras;
  5. Família anfitriã: As famílias que receberam a mim e aos meus amigos são incríveis. Meus pais me tratavam como se eu fosse mais uma filha deles, sempre atenciosos e me ajudando no que podiam. Claro que sempre há exceções, mas os coordenadores locais estarão presentes pra te ajudar a resolver;
  6. O ensino médio na Espanha é dividido em 2 anos ( 1º e 2º de bachillerato), e esses são divididos em "ciências" e "humanas" tendo também subdivisões. Eu fiz o bach. de ciências da saúdes, tinha 11 matérias (francês, inglês, física e química juntas, matemática, biologia, ciências para o mundo contemporâneo, projeto integrado, religião, educação física e castelhano). As provas são normalmente abertas, e a média é de 5 pontos. Não se utiliza uniforme nas escolas públicas, em algumas escolas os alunos podem sair no horário do lanche, e em outras isso só é permitido para os maiores de idade.

Bom galera, esse é um resumo das observações que fiz no período que passei na Espanha. Qualquer dúvida não esclarecida, deixem nos comentários que eu irei responder com o maior prazer. 

Hora de dizer adeus


Acordei cedo, e o neto mais novo dos meus pais já estava desperto, e aproveitei para jogar pela última vez com ele. Em seguida fui ao centro de Sevilla, dar adeus a cidade acompanhada apenas pelo meu bom e velho amigo fone de ouvido. Assim que subi no ônibus as lágrimas vieram, mas as contive...Olhar minha linda Sevilla uma última vez? Por que tão rápido? Segui andando pelo centro admirando uma última vez essa paisagem exuberante, as lágrimas novamente vieram, mas eu não queria ser uma louca de chorar de tristeza nesse lugar tão cheio de alegria. Chegou um momento em que a emoção foi mais forte que eu, sentei a beira do rio e me esvaí em lágrimas, enquanto escrevia esse texto escondida detrás de óculos de sol. Cheguei em casa mais tranquila, porém, quando minha irmã mais velha veio se despedir de mim, eu peguei meu sobrinho nos braços e a emoção voltou. Choramos juntas até não ter mais nada. Pela noite fizeram um jantar especial para mim, meus amigos brasileiros também estavam. Tive a minha última conversa feliz em família, ficamos no pátio até a madrugada. 

No dia seguinte acordei cedo, e ao invés de entrar sorrindo na cozinha e recebendo um bom dia alegre de papa, entrei cabisbaixa. Ele também não tinha uma boa cara, parecia que tinha chorado ou não havia dormido bem aquela noite. Saímos em direção a estação de Santa Justa, os outros brasileiros ainda não haviam chegado e tive medo de viajar só e todos ficarem. A hora de entrar no AVE chegou, mas eles nada. Papa me mandou entrar no trem mesmo assim, choramos nosso último adeus, lhes dei o último abraço,  e parti. Dramática que sou, continuei aos prantos por um bom tempo, e pouco depois a turma chegou, me deixando mais aliviada. O trem partiu em direção a estação de Madrid, em seguida pegamos um carro até o aeroporto, e as 15:30 (horário da Espanha) do dia 29 de junho, o meu sonho acabou.